A obra do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) do Subúrbio de Salvador foi tema da audiência pública realizada pela Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Turismo na manhã desta terça-feira (20), na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA). Coube ao deputado Robinson Almeida (PT), proponente da sessão, a liderança dos trabalhos, que contou com a presença da secretária estadual de Desenvolvimento Urbano, Jusmari Oliveira, da presidente da Companhia de Transportes da Bahia (CTB), Ana Cláudia Nascimento, e do diretor de obras da CTB, Eracy Maciel, que fez uma exposição sobre o projeto. Também compuseram a Mesa o ex-vereador Tiago Ferreira e lideranças do Subúrbio Ferroviário.
O presidente da Comissão de Infraestrutura, deputado Eduardo Salles (PP), abriu a audiência destacando a importância do VLT do Subúrbio e de se trazer a discussão para dentro da Assembleia. “
Sabemos que esse projeto tem gerado expectativas, dúvidas e também preocupações legítimas. Por isso, essa audiência proposta pelo deputado Robson Almeida é uma oportunidade para o esclarecimento, contribuições e questionamentos. A comissão que presido acredita no desenvolvimento econômico e na infraestrutura, sabendo que os dois devem caminhar lado a lado com justiça social, respeito ao meio ambiente e participação popular”, disse.
Em seguida, chefe do colegiado passou o comando da Mesa a Robinson Almeida, que destacou a grandeza do projeto, orçado em R$ 4,6 bilhões, com três ramos, e 36,4 km de extensão e que será integrado aos modais do metrô e rodoviário. Ele disse que a obra se soma a outras grandes intervenções urbanas na capital realizadas pelos governos do PT, como as duas linhas do metrô e construção das Avenidas 29 de Março e Gal Costa.
“Tem uma nova revolução na cidade de Salvador, na mobilidade urbana. O governador Jerônimo Rodrigues, além de levar o metrô até Águas Claras, inaugurado no início da sua gestão, teve a coragem de chamar para si a responsabilidade de fazer o destrato do contrato anterior (do VLT), que já não atendia as condições econômicas e financeiras, e implementou essa obra pública de grande magnitude, que vai integrar ali 600 mil pessoas que vivem naquela região”, disse Robinson.
Ele explicou ainda que o VLT terá impacto sobre toda a população da capital. “Não é o VLT do subúrbio, como nós colocamos na chamada. Ele está no subúrbio, mas é o VLT para toda Salvador. Todo morador de Salvador tem o VLT como uma obra sua, como parte da sua mobilidade, do seu transporte, até porque ele não vai rodar exclusivamente naquela região. Ele vai se integrar ao modal do metrô e vai colocar como possibilidade alguém sair da orla de Tubarão, de Paripe, de Periperi, e chegar até a orla Atlântica, aqui em Piatã. Se quiser pegar um voo, sai de lá, entronca aqui na estação (do metrô) Bairro da Paz e vai para o aeroporto. Então, vai conectar a cidade como nós nunca tínhamos visto na nossa história”.
Robinson Almeida cobrou da Prefeitura de Salvador um esforço para que as linhas de ônibus possam levar a população que mora nos bairros até as estações. Lembrou ainda que o governador manteve congelada a tarifa do metrô, entendendo, como ele mesmo disse, “que a população de Salvador não tem condições de ter aumentos consecutivos, como são dados pela prefeitura municipal no sistema ineficiente de ônibus”.
PROJETO
Encarregado de apresentar o projeto do VLT, o diretor de obras da CTB, Eracy Maciel, disse que a obra não é só de mobilidade, mas de revitalização urbana, pois inclui extensas obras de drenagem pluvial, de duplicação de vias, de urbanismo, de restauração de antigas edificações e de infraestrutura geral. A entrega da primeira etapa está prevista para 2026. O projeto total, para 2028. Três linhas compõem o projeto do VLT, que tem 36,4 km de extensão, com 34 paradas, superando os 23 km do projeto anterior do monotrilho, cancelado em 2023 devido a atrasos, irregularidades e divergências em negociações para o equilíbrio econômico do contrato com o consórcio Metrogreen Skyrail.
A primeira linha vai da Calçada à Ilha de São João, em Simões Filho, com 13,6 km de extensão. Tem 18 paradas mais a estação Calçada. O prazo é de 40 meses para conclusão, sendo que 18,7% já está construído. Há ainda uma extensão prevista para ir até o Comércio.
A linha 2 segue pela estrada do Derba, que está sendo duplicada, com duas faixas por sentido e um corredor central onde circulará o VLT. Vai da estação final da linha 1 até a Estação Rodoviária de Águas Claras, onde também será integrada ao metrô. Está orçada em R$ 1,84 bilhão. O prazo de conclusão é de 50 meses e 13,3% do trajeto já foi concluído.
Por fim, a linha 3 será de Águas Claras até Piatã, passando pela avenida 29 de Março e a avenida Orlando Gomes. O prazo de conclusão também é de 50 meses, porém o lote é o menos adiantado, com apenas 1,3% de concluído, pois “a ordem de serviço foi dada apenas para fazer o projeto, em razão de viabilidade técnica e questões de orçamento”, como explicou o diretor de obras. De acordo com Eracy Maciel, em 11 meses, já foram investidos somente em obras R$ 420 milhões, o que, segundo ele, é um alto desempenho. Levando em conta os investimentos gerais, que englobam também infraestrutura elétrica e os equipamentos de transporte, o governo já investiu R$ 687 milhões. No primeiro lote, mais de 1.295 trabalhadores estão em atividade, sendo que, segundo Eracy, 97% deles são baianos.
A secretária de Desenvolvimento Urbano, Jusmari Oliveira, disse que o projeto do VLT é revolucionário e que muda a vida dos baianos, sendo um vetor de desenvolvimento econômico e social.
Segundo ela, antes do sistema metroviário e da construção dos corredores transversais (avenidas 29 de Março e Gal Costa), ninguém havia pensado em dar transporte aos moradores do miolo de Salvador, onde está a maior população da capital. “Nunca ninguém pensou que alguém de Piatã teria vontade de ir lá no subúrbio. A ideia sempre foi de que o subúrbio vivia lá, a orla atlântica vivia aqui, um mais para os pobres, uma mais para os ricos. E assim nós vivíamos a divisão e o separatismo de uma cidade tão linda, tão apaixonante, com tanta vontade de ser humana e de ser integrada como a capital de Salvador”, lamentou.
Jusmari esclareceu que o VLT não será apenas para Salvador, mas “um modal que integrará
todo outro sistema de mobilidade seguro, ágil e sustentável, a partir do complexo de Águas Claras”. Lá, a linha do VLT se encontrará, como ela explica, “com todos os ônibus que virão do interior do estado, trazendo os milhões de baianos e baianas que vêm para a capital, para negócio, para saúde ou para turismo”.
Ela disse ainda que cerca de 2 mil empregos estão sendo gerados e que há o cuidado para que a maioria dos trabalhadores sejam moradores do entorno da obra. O projeto também contemplará, segundo a secretária, obras de impacto urbanístico e visual, com a requalificação da orla do Subúrbio Ferroviário, além de reforma e construção de equipamentos de geração de emprego e renda, de economia solidária, como o Mercado São Brás, em Plataforma, e unidades de beneficiamento de pesca.
Convidada a se pronunciar em seguida, a presidente da CTB, Ana Cláudia Nascimento, destacou que a integração do VLT aos 38 km do metrô resultará em 80 km de trilhos na região metropolitana de Salvador. “Isso é transformador, não só como um vetor de desenvolvimento, mas de qualidade de vida, transporte de qualidade, porque impacta no tempo de transporte, na economia de tempo, na saúde, na redução de acidentes, enfim, um elenco de benefícios”, declarou.
RIO JEQUITINHONHA
Antes da audiência pública, o presidente da Comissão de Infraestrutura, deputado Eduardo Salles (PP), abriu primeiramente a reunião ordinária do colegiado, para que fossem passadas informações sobre a medidas relativas à interdição da ponte do rio Jequitinhonha, na BR-101, no município de Itapebi, e também sobre a visita do ministro de Transportes, Renan Filho, à Bahia, ontem, para autorizar obras de duplicação dos contornos norte e leste de Feira de Santana. Segundo Eduardo Salles, o ministro garantiu que serão empegados R$ 500 milhões em obras de restauração das rodovias BR-324 e BR-116 nos trechos que foram devolvidos ao governo após destrato com a concessionária ViaBahia.
Ficou a cargo da deputada Cláudia Oliveira (PSD) explanar sobre as medidas que serão tomadas emergencialmente por conta da interdição da ponte sobre o rio Jequitinhonha, na BR-101. Entre elas, a aplicação imediata de rachão nos pontos críticos de atoleiro, colocação de brita gradual, edição de portaria do DNIT para conceder poder de fiscalização da Polícia Rodoviária Federal, disponibilização de equipamentos noturnos, como guinchos para atendimentos de emergência fora de horário comercial, pavimentação asfáltica, principalmente nas ladeiras, a instalação de sinalização na rota alternativa e o monitoramento e controle do peso de carga, reparo e manutenção dos trevos de acesso.
Participaram da audiência as deputadas Cláudia Oliveira (PSD), Maria del Carmen (PT), Fabíola Mansur (PSB), Olívia Santana (PC do B), e os deputados Eduardo Salles (PP), presidente da Comissão de Infraestrutura, Robinson Almeida (PT), Raimundinho da JR (PL), Bobô (PC do B), Radiovaldo Costa (PT) e Marcelino Galo (PT).
