O consumidor baiano já começa a sentir no bolso o novo aumento do gás de cozinha. A partir de ontem, o botijão de 13 quilos passou a custar, em média, R$ 5 a mais em Salvador, após o reajuste aplicado pelas distribuidoras em todo o país. O impacto eleva os preços em alguns bairros da capital, principalmente os da orla, para até R$ 170, tornando o produto um dos mais caros entre os itens básicos da cesta doméstica. Este é o segundo aumento do ano na Bahia, que figura entre os cinco estados com o gás de cozinha mais caro do país. As informações são do Sindicato dos Revendedores de Gás da Bahia (Sinrevgas)
Segundo o presidente da entidade, Robério Souza, a alta tem origem no dissídio coletivo das distribuidoras, que ocorre todos os anos no mês de setembro. “Nosso sentimento é que esse aumento poderia ser diluído, mas a distribuidora argumenta custos trabalhistas e operacionais. O dissídio coletivo é do setor de distribuição de gás. O revendedor compra mais caro e, naturalmente, repassa ao consumidor final”, explicou.
Na prática, o aumento já eleva as médias praticadas em Salvador. De acordo com levantamento do Sindicato, nos bairros periféricos, como Cajazeiras, Suburbana e Valéria, o preço médio gira entre R$ 135 e R$ 140, podendo variar de R$ 130 a R$ 152. Já nas regiões da orla e centrais, como Barra, Graça, Pituba, Amaralina e Dois de Julho, Nazaré e Saúde, os preços variam entre R$ 155 e R$ 170.
Para as famílias mais pobres, o impacto no orçamento doméstico é cada vez mais expressivo. “O valor de um botijão já corresponde a praticamente 10% do salário mínimo. Para quem vive com esse rendimento, o aperto é ainda maior”, ressaltou eRobério.
Novo aumento – Para os consumidores, o aumento pesa cada vez mais no orçamento doméstico. Dona Maria José, moradora do bairro Dois de Julho, reclama da dificuldade: “Lembro que até um tempo atrás estava R$ 130, subiu para R$140, R$ 145 e agora vai chegar a R$150. Para quando se é pobre, qualquer valor faz uma grande diferença”, declarou.
Em Cajazeiras, o motorista João Batista também se queixa. “Aqui ainda é mais barato que no centro, mas mesmo assim não tem quem aguente. Cada vez que aumenta, a gente tem que cortar outra coisa dentro de casa”.
Além da alta anunciada agora em setembro, os brasileiros já sabem que enfrentarão mais um reajuste em janeiro de 2026. Isso porque o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) aprovou a elevação do ICMS sobre combustíveis e gás de cozinha em todo o país. No caso do botijão, a alta será de R$ 1,05, o que deve fazer com que os preços ultrapassem R$ 175 na Bahia logo no início do próximo ano.
Novo aumento do ICMS deve elevar preço do gás, gasolina e diesel em 2026
Especialistas avaliam que a combinação de reajustes pode tornar o gás de cozinha ainda menos acessível, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste, onde a logística já encarece a distribuição.
Com a medida, o preço da gasolina terá acréscimo de R$ 0,10 por litro, chegando a R$ 1,57; o diesel aumentará R$ 0,05 por litro, indo para R$ 1,17; e o gás de cozinha terá elevação de R$ 1,05 por botijão. Para as famílias, o impacto será duplo: além do reajuste anual das distribuidoras em setembro, a carga tributária estadual adicionará novos custos logo no início do ano.
Sindicato orienta consumidor sobre formas de economizar no gás
Além de alertar sobre os reajustes, o Sinrevgas reforça que os consumidores devem adquirir gás somente em revendedoras autorizadas. “É importante não comprar de pontos clandestinos, como aqueles que armazenam botijões em bares ou fazem entregas improvisadas em motos. É crime contra a ordem econômica e coloca a vida em risco”, enfatiza Robério Souza.
O sindicato explica que o delivery do gás inclui custos de logística e mão de obra, o que encarece o produto. De acordo com o presidente da entidade, quem puder retirar o botijão diretamente na revenda mais próxima de casa consegue pagar menos e ainda garante que o produto esteja lacrado, com 13 quilos completos e toda a segurança necessária. “A pessoa que recebe em casa está pagando por conveniência, mas quem se desloca até a revenda economiza e reduz riscos de obter um produto adulterado e já usado”, completa Robério.
A compra irregular envolve diversos perigos: botijões com peso menor que o anunciado, gás já utilizado, vazamentos ou até risco de explosão. “O consumidor só percebe o problema quando o botijão já está em casa. Por isso, sempre recomendamos buscar revendas autorizadas. É uma questão de segurança e também de economia”, reforça o presidente do sindicato.
Apesar de buscar na revendedora ser mais econômico, o Sinrevgas lembra que o manuseio do gás é difícil e pesado, e que os vendedores treinados e que levam a domicílio realizam testes de vazamento e prevenções de acidentes, garantindo que o consumidor receba um produto seguro para uso doméstico.