Ser taxista em Salvador nunca foi uma profissão fácil. Além das longas jornadas, da concorrência com os aplicativos e do transporte clandestino, agora o maior medo da categoria está na violência. O cenário é alarmante: criminosos não têm mais receio de agir, abordam taxistas em plena atividade, muitas vezes com passageiros dentro do carro, e obrigam motoristas e clientes a descer em locais ermos, levando o veículo e deixando sequelas psicológicas que, em alguns casos, são irreparáveis
De acordo com a Associação Geral dos Taxistas de Salvador (AGT), os assaltos se concentram em regiões como Sete Portas, Comércio, Itapuã, Cidade Nova, Liberdade, Cajazeiras, Valéria e na região da Suburbana. Os criminosos costumam agir de forma estratégica: chamam a corrida em shoppings, praias ou pontos movimentados e, durante o trajeto, anunciam o assalto.
Os números mais recentes da AGT mostram que, até julho de 2025, 154 taxistas foram assaltados em Salvador e 17 veículos foram roubados. Embora o resultado seja bem menor que nos anos anteriores, a categoria alerta que a insegurança persiste.
O cenário mais crítico ocorreu em 2022, quando 681 profissionais foram vítimas de assalto e 108 veículos levados, superando inclusive os números de 2021, que contabilizou 549 assaltos e 101 carros tomados.
A queda ao longo dos últimos anos é evidente, resultado das ações de prevenção e da presença policial, mas ainda insuficiente para devolver a tranquilidade à categoria. Segundo a Associação, as audiências de custódia tem sido responsáveis pela soltura de vários criminosos que voltam a reincidir. “A questão da violência no início do ano foi reduzida bastante porque tivemos reuniões com o comando geral e na SSP. Houve mais prevenção, mais meliantes presos. Mas, infelizmente, agora, com a questão das audiências de custódia, têm soltado esses meliantes, e eles estão cada vez mais ousados. O taxista tem que trabalhar e é seguido”, afirma Denis Paim.
O presidente da AGT garante, entretanto, que reuniões com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) e o Comando Geral da Polícia Militar têm contribuído para reduzir a criminalidade. Entre as medidas discutidas, estão o reforço do policiamento em áreas críticas, a prisão de criminosos reincidentes e o monitoramento tecnológico, com a promessa de implantação de um botão de emergência nos táxis. Ainda assim, a categoria considera que o avanço é insuficiente, sendo preciso resolver, conforme ele, a questão solturas dos criminoso e a sensação de impunidade entre os assaltantes.
“Temos dificuldade com a concorrência como o Uber, o transporte clandestino, nos aeroportos. Sofremos também com a fiscalização da prefeitura. Os assaltos não acontecem diretamente nos bairros, eles começam em pontos como shoppings e praias, mas terminam em áreas como Sete Portas, Comércio, Itapuã, Cidade Nova, Liberdade, Cajazeiras, Valéria e a Suburbana”, explica.
Botão de emergência
Uma das medidas debatidas com as autoridades foi a criação do botão de emergência nos táxis, mas o dirigente mostra preocupação com a eficácia do dispositivo.
“O botão de emergência, se for desligado, pode colocar ainda mais em risco. Se o bandido perceber, em vez de assaltar, pode acabar matando o taxista. Precisamos pensar em alternativas, como pedir o crachá do passageiro, identificação obrigatória ou outro tipo de controle para proteger a categoria”, defende Paim.
A SSP e a PM-BA reforçaram que estão à disposição dos profissionais, mas reforçou que tem feito reuniões constantes com a categoria. Segundo um policial civil, a redução é fruto desses encontros, no entanto, ainda é preciso avançar.