O historiador, escritor e ex-deputado federal Manuel Domingos Neto, declarou que as corporações que compõem o Estado brasileiro precisam de uma “reforma profunda”.
Autor do livro O que fazer com o militar (2023), Manuel comentou sobre as pesquisas e conclusões construídas ao decorrer da formação da obra. Entre suas observações, ele defendeu que a reforma seja realizada através da mudança de recrutamento do Exército.
“As corporações que o Estado brasileiro possui, na minha visão, necessitam de uma reforma profunda. Do contrário irão persistir sempre nessas tensões que nos marcaram na história […] Você não pode ter um Exército diferente se o recrutamento continua o mesmo. Isso é apenas um ponto. Mas, se muda o recrutamento muda a carreira, se muda a carreira vai mudar a formação. Essas máquinas são complexas, você mexe em um elemento e é obrigado a mexer em todos os outros”, disse.
Para o especialista, a discussão vai além das conclusões sobre interferência do Exército na política – como a participação nos golpes -, ou apoios à extrema direita, mas que faz-se necessário um novo conceito da defesa nacional. Manuel ilustra que é preciso destinar os militares para combates externos e deixar questões de ordem do país com as polícias.
“O que fazer com o militar? Uma nova concepção de defesa nacional, pois é a concepção que orienta as corporações […] Nós precisamos de novas Instituições, para que o militar não se confunda com policial e acabe com esse distúrbio de personalidade funcional, essa é a grande marca do militar brasileiro. Ele não sabe se é policial, militar, político, assistente social, construtor de estradas… Não tem claro a sua missão para si […] Na reforma precisaremos destinar os militares ao combate externo e as organizações policiais à defesa da ordem. Quando eu falo em reforma militar, falo em organizações de forças específicas e determinadas. Isso que temos no Brasil é uma aberração […] Não tem cabimento pensar no Exército para ocupar favela, é uma coisa absurda”, completou.
Fonte: Metro1